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Entre o Homem e a Sua expectativa

Daniela Filipe Bento Daniela Filipe Bento Seguir 13 de abril de 2014 · 2 mins read
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Sinais dos tempos modernos, as relações entre as pessoas têm vindo a mudar. Mudam de uma forma radical ou, pelo menos, comparado com o que sempre aprendi sobre a vida em sociedade. Facto incontestável - somos cada vez mais. Um mundo cada vez maior, a caminho da globalização, onde ninguém está indiferente a ninguém.

Nestes sinais de progresso e, naquilo que é a minha realidade local, vejo-me perdido entre os atropelos e inconsistências destas lutas que se fazem. Um tanto ou quanto modernas, mas com os seus quês de primitivas. Olho e vejo um mundo de loucos (metaforicamente), um mundo de corredores, um mundo que não olha para trás e, muito menos se detém. Desrealiza-se na sua própria consciência do que é o presente e o futuro, abandonando por completo o passado. Acredita-se no caminhar para a frente, a típica chamada fuga para a frente, uma expressão conhecida de todos.

Pergunto-me, o que significamos nós, cada um, para um mundo que em nós mesmos nada vê. Por observação, sabe-se que cada um tem o seu mundo, o seu espaço, a sua realidade. Por observação e pela relação, sabe-se que cada um tem uma visão do outro (seja uma pessoa ou um grupo), uma expectativa, uma imagem mental do seu ideal de quem este representa para si. Muitas vezes, essa imagem do outro e a imagem que o outro tem de si mesmo são diferentes. No entanto, importa que sejam compatíveis, construtivas. Para nós, este passa a representar sempre o ideal, é ele que nos transmite isso. Ainda que esse, para si, não o seja.

Num mundo de loucos, estes exercícios tornam-se bastante complicados de executar. Existe uma predisposição à falta de disponibilidade, não digo temporal, mas mesmo mental. Acabamos a impor e não a conhecer. Acaba-se a lutar por uma conquista e não a revindicar um direito.

Entre o Homem e a sua Expectativa, acabamos a matá-lo, pois ele incompleto estará sempre, constantemente, permanentemente. Passa a ser o que não é, gere-se pelo ideal de todos, confusamente. Deixa-se de se reger pela sua própria visão, o seu próprio eu. Por vezes, tenho medo que neste mundo de loucos, a realidade seja apenas uma ilusão, e esta expectativa que eu próprio tenho do mundo seja a realidade. Aqui, nestes parágrafos, fui eu a traçar a minha própria visão do mundo.

Daniel Bento

Daniela Filipe Bento

Escrito por Daniela Filipe Bento Seguir

escreve sobre género, sexualidade, saúde mental e justiça social, activista anarco/transfeminista radical, engenheira de software e astrofísica e astronoma